quarta-feira, 14 de maio de 2014

VANGUARDAS EUROPEIAS - Parte I

  VANGUARDAS: ventos de inquietação e de mudanças
  
        Nas três primeiras décadas do século XX, o cenário artístico europeu também vivia um momento de grande agitação. Diferentes movimentos artísticos, denominados vanguardas, surgiram para estabelecer novas referências para a pintura, a literatura, a música e a escultura.

Tome Nota  
      De origem latina e alemã, o termo vanguarda aparece, já no século XII, associado a uma posição avançada de ataque, por oposição a retaguarda. No século XVIII, aparecem os primeiros registros de emprego metafórico da palavra para indicar aquilo que está em "primeiro lugar", que tem "precedência". A partir da Primeira Guerra Mundial, o termo voltou a ser usado com frequência para designar, nas letras francesas, a parte mais radical dos movimentos literários e estéticos, as propostas artísticas mais inovadoras.

      O novo século precisava criar as próprias referências estéticas. É nesse contexto histórico-cultural que nascem os vários "ismos": Cubismo, Futurismo, Expressionismo, Dadaísmo e Surrealismo.
     Praticamente todas as vanguardas lançaram manifestos. Esses manifestos eram textos que divulgavam as propostas das novas formas de expressão artística e definiam estratégias formais para alcançá-las.
Picasso,P. Cabeça (Estudo para As meninas de Avignon). 1907.

O projeto artístico das vanguardas europeias

        Cada uma das vanguardas que surgem no início do século XX, apresenta um projeto próprio, mas todas elas têm uma intenção em comum: romper radicalmente com os princípios que orientavam a produção artística do século XIX. Podemos resumir o projeto artístico como um movimento ousado que quer libertar a arte da necessidade de representar a realidade de modo figurativo e linear.
       O desafio para os artistas é claro: encontrar uma nova linguagem capaz de expressar a ideia de velocidade, capturar a essência transformadora da eletricidade, o dinamismo dos automóveis. Por conta disso, toda produção artística de vanguarda terá um caráter de ruptura, choque e de abertura. A ruptura se dá com os valores e princípios do passado; o choque com as expectativas do público. A abertura é marcada pela procura de novos modos de olhar e interpretar a realidade em permanente estado de transformação.
Balla, G. Velocidade abstrata: o tempo passou. 1913


       Nos últimos anos do século XIX, Paris é a capital cultural da Europa e pulsa com a agitação característica da Belle Époque. é o auge dos cafés literários, onde artistas e filósofos se encontram para avaliar o impacto que as descobertas tecnológicas e as transformações científicas trarão para a humanidade.
A agitação cultural de Paris é imensa. A própria cidade está de cara nova, reformada pelo projeto de desenvolvimento urbano implementado  meio século antes pelo barão Haussmann.
         É nesse contexto de produção que as vanguardas são elaboradas. Diferentes grupos se organizam em torno de líderes que assumem o papel de propor e divulgar novos caminhos para a arte.
     Surgem então os manifestos como meio de dar maior visibilidade às propostas das diferentes vanguardas. O contexto de circulação dos manifestos é o jornal.
        Ao lado dos manifestos, pinturas e esculturas começam a ser expostas em salões e galerias de arte, provocando grande impacto no público da época.
  
As vanguardas e o público       
   
          O espírito agressivo das vanguardas, anunciado no Manifesto do Futurismo, é confirmado pela reação do público, de modo geral, horrorizada na apresentação da primeira obra cubista: o quadro As Senhoras de Avignon, de Pablo Picasso em 1907, que mostra cinco prostitutas nuas, com o rosto e o corpo deformados. Entretanto, o quadro revela um modo revolucionário de representar a realidade, rompendo com os conceitos tradicionais de harmonia, proporção, beleza e perspectiva. Com essa obra nasce a pintura cubista e o seu criador.
          Passado o espanto inicial, o público parisiense dos salões e galerias acostuma-se à "nova arte". Reconhecem que os artistas nem sempre seguem as caminhos tradicionais para fazer circular suas ideias.

Picasso,P. As senhoras de Avignon. 1907.
Óleo sobre tela, 243,9 x 233,7 cm.
Na tela, cinco mulheres nuas exibem corpos e rostos definidos por formas geométicas. A deformação da ao observador a impressão de que foram talhadas a golpes de machado. Os braços são disformes, os cotovelos pontiagudos, acentuando os ângulos. Corpos e cabeças mostram simultaneamente o rosto e as costas, em uma impossibilidade física. Com a obra, Picasso destrói o mito da beleza feminina, ao mesmo tempo que alude à diversidade étnica deixando evidente nos rostos a inspiração das máscaras africanas.

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