segunda-feira, 5 de agosto de 2013

AUGUSTO DOS ANJOS NA LINGUAGEM COREOGRÁFICA

DANÇA – “SENHOR DOS ANJOS”

Coreografia transpõe obra do poeta Augusto dos Anjos revigorado por
Borelli
Depois de transformar em espetáculo de dança a peça "Bent", do norte-americano Martin Sherman, Sandro Borelli transpõe para a linguagem coreográfica a vida e a obra do poeta paraibano Augusto dos Anjos (1884-1914), Com o título de "Senhor dos Anjos" (cuja dubiedade remete aos demônios pessoais do escritor).
Autor de um único livro, "Eu", escrito em 1912, Augusto dos Anjos era um pessimista radical, cuja grandeza literária já foi equiparada à de autores como Edgar Alan Poe e Baudelaire. A morte, tema recorrente em suas poesias, encontrou ressonâncias no processo criativo de Borelli, que também vem explorando os limites da condição humana.
"Augusto dos Anjos foi um poeta maldito, e sua obra toca questões filosóficas e espirituais. Para levar sua essência ao palco, abandonei um pouco a teatralidade de meus espetáculos anteriores para me concentrar no corpo. Como não estamos lidando com personagens, o desafio é transmitir o universo do poeta por gestos e expressividade corporal", diz Borelli, que também atua como bailarino em "Senhor dos Anjos".
Em cena, Borelli atua ao lado de mais quatro integrantes do grupo F.A.R. 15, que ele fundou em 97, ex bailarino do Ballet Guaíra de Curitiba e do Balé da Cidade de SP, Borelli tornou-se coreógrafo independente no início dos anos 90. Essa nova fase foi inaugurada com o bem-sucedido "Lac".
Desde então, vem marcando o circuito independente com obras como "Cão Vadio", "Jardin de I'Enfant", "Ifá". Em "Senhor dos Anjos", ele utiliza trilha de Sérgio Zurawski, que usa os "Noturnos" de Chopin como fio condutor. A iluminação de Domingos Quintiliano enfatizando um cenário desenvolvido pelo próprio Borelli em conjunto com o elenco.
"A atmosfera do espetáculo é de rememorações constantes, com recursos que lembram o envelhecimento de filmes e fotografias. Um portal de ferro simboliza a impotência humana diante de limites intransponíveis."
ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Nenhum comentário: